Olá, no post de hoje vamos mostrar na prática as diferenças entre um Sabonete Natural feito com Óleo de Palma Refinado e com Óleo de Palma Prensado à Frio também conhecido como Azeite de Dendê. E então, Palma no Sabonete Natural: Refinada ou Bruta?
Aqui no espiral usamos muito o Óleo Vegetal de Palma refinado, certamente para conferir dureza aos nossos sabonetes. E nossos inscritos sempre perguntam qual é a diferença entre eles. Então hoje vamos falar um pouco dessas diferenças e também vamos mostrar e comparar dois sabonetes feitos com a mesma receita e com o mesmo método (Hot Process), porém usando um tipo de Óleo de Palma diferente em cada fórmula.
Há um tempinho fizemos um post com o propósito de falarmos sobre os Óleos Vegetais e seu perfil de Ácidos Graxos, relembre essas informações aqui.
Sobre os óleos
O Óleo de Palma é o mesmo Óleo de Dendê, no entanto, costuma-se utilizar o termo “óleo de palma” para o refinado e “óleo de dendê” para o bruto. Ambos são extraídos da polpa do fruto.
Devido à presença de antioxidantes naturais (tocotrienóis) e seu baixo teor de ácido linolênico (C18:3) este óleo é altamente estável ao processo de oxidação. Seu estado semi-sólido à temperatura ambiente ou em alguns casos com separação de fases se deve a sua composição peculiar de ácidos graxos com cerca de 50% de ácidos graxos saturados, 40% de monoinsaturados e 10% de poli-insaturados. Por não serem submetidos a processos de hidrogenação artificial são livre de ácidos graxos trans.

A primeira grande diferença entre eles está na aparência, na cor e no aroma. Certamente nem parece que são o mesmo óleo. Essa versão branca que parece uma manteiga é a refinada e é a mais usada pela indústria alimentícia e cosmética, pois não altera a cor ou o aroma do produto final.
Já a versão prensada a frio, é parte marcante da cultura brasileira, pois é usado para dar sabor e aroma para muitos pratos típicos como por exemplo a moqueca. Além disso ele também é usado em produtos de beleza por suas propriedades. É rico em vitaminas A e E..
Composição de Ácidos Graxos
Ambos possuem composição de ácidos graxos semelhante, sendo o Dendê mais rico em Palmítico que o Refinado.
- Oleico 38 a 40%
- Linoleico 09 a 11%
- Palmítico 43 a 45%
- Esteárico 04 a 05%
Óleo de Palma Prensado à Frio (Dendê)
Esses são os dados oferecidos pela Destilaria Bauru das características Físico-Químicas do Óleo de Palma Prensado à Frio (Dendê) comercializado por eles.
O Óleo de Palma Bruto apresenta-se na forma líquida, quando a temperatura ambiente, apresentando forte coloração alaranjada/avermelhada e odor característico. Quando em respouso por algum tempo, pode apresentar um depósito de “pó branco” ao fundo, sendo este o ácido esteárico presente naturalmente no óleo.

Óleo de Palma Refinado
Esses são os dados oferecidos pela Destilaria Bauru das características Físico-Químicas do Óleo de Palma Refinado comercializado por eles.
O Óleo de Palma Refinado apresenta-se na forma pastosa, quando a temperatura ambiente, apresentando uma coloração esbranquiçada. Ao passo que, quando líquido é um óleo de cor levemente amarelada.

Receita usada no experimento
140g de Azeite de Oliva (38,36%)
120g de Óleo de Coco (32,88%)
105g de Óleo de Palma (28,77%)
52g de Soda Cáustica
120g de Água Destilada
0,5g de Oleoresina de Alecrim
A saber, a receita foi calculada usando 30% de concentração de Soda e 6% de superfat, com rendimento total de aproximadamente 550g de cada massa.
Blend de Óleos Essenciais (opcional)
- 5g de Óleo Essencial de Laranja Doce
- 4g de Óleo Essencial de Litsea Cubeba
- 1g de Óleo Essencial de Canela
Realizamos o método de Hot Process para obtenção dos sabonetes naturais. Como nosso intuito com esse post não é demonstrar o método e sim observarmos as diferenças entre os óleos e os produtos gerados por ele, hoje não teremos um passo a passo. Porém, temos uma extensa Playlist no nosso Canal do YouTube só sobre Hot Process (baixa temperatura e alta temperatura), você pode assistir alguns vídeos com o propósito de aprender sobre este método. Da mesma forma, lançamos um E-book sobre Hot Process que está disponível na nossa Loja Online, veja ele aqui.
Logo após finalizado o cozimento, o aspecto das massas está retratado à seguir:


Dividimos nossa forma ao meio ao enformar (usando um pedaço de papelão envolvido com durex) a fim de submetermos ambos ao mesmo tempo de endurecimento na forma:

Dessa forma, ao desenformar este foi o resultado:

Análise do uso da Palma no Sabonete Natural
Nenhuma diferença no trace ou no processo de saponificação foi observada. Tivemos um “vulcão rebelde” quando fizemos o Sabonete de Dendê, mas que está relacionado ao fato de termos aproveitado as sobras do primeiro sabonete. Sabemos que o sabonete usado no início do Hot Process atua como surfactante, então ele acelerou o vulcão. Essas coisas acontecem até com quem tem anos de prática, por isso reforçamos sempre os cuidados que se deve ter na Saboaria Natural. Veja esse post sobre 5 coisas que aprendemos em 5 anos de Saboaria.


Nenhuma diferença foi notada no sentido dureza no momento de corte das barras de Sabonete Natural.


O sabonete feito com o dendê apresentou forte coloração laranja, mas essa coloração desbota com o tempo. O sabonete com Óleo de Palma Refinado não apresentou alterações na cor do produto final.

Dessa forma, iremos disponibilizar uma atualização daqui um tempo para observarmos esse desbotamento do Sabonete de Dendê.
O aroma, bastante característico, do azeite de dendê, permaneceu após a saponificação, mas ficou suave e disfarçado pelo uso de óleos essenciais. O sabonete com Óleo de Palma Refinado não apresentou alterações no cheiro do produto final.
Como resultado, a espuma também foi semelhante, estável e cremosa, sendo a espuma do Sabonete de Dendê alaranjada devido à cor do óleo.


Observação
O efeito marmorizado dos sabonetes ocorreram pois usamos uma alta concentração de óleos duros na formulação. Assim, ao esperarmos a massa esfriar um pouco para adicionarmos os óleos essenciais, o resfriamento é mais rápido em alguns pontos, e ao mistura-los, forma uma espécie de marmorizado na massa, que deve diminuir com o passar da cura. Mas ficou tão lindo né?


Você pode acompanhar o vídeo do experimento aqui:
E então, o que você achou do nosso experimento? Esperamos que você tenha gostado, e que tenha te ajudado a entender um pouco mais sobre Saboaria Natural, assunto recorrente por aqui e que amamos demais!
Em suma, esperamos que você tenha gostado desse post e qualquer dúvida ou sugestão você pode deixar um comentário.
Então a gente se vê no próximo post! Até lá.
Por Marcella Lemos e Ana Velho.
Muito bom este post, sempre me atualizo com conteúdos novos. obrigada